quarta-feira, 9 de março de 2011

Promoção Minhas Férias, por Jaqueline (SAC)


Chegou o dia esperado. Após meses pagando algumas centenas de reais por mês, havia
chegado o grande dia de embarcar no navio Costa Serena, um dos maiores navios do mundo.
Meu noivo Luis Carlos, Gabriela, minha enteada e eu nunca havíamos pisado num desses
gigantes. Já no embarque percebemos que algumas pessoas conhecidas, de Blumenau e
cidades vizinhas, estariam também rumo a Salvador, no mesmo navio. Após todo check in,
centenas de pessoas na fila de embarque, rumamos a nossa cabine, no sétimo andar. O navio
era lindo, enorme, decoração rebuscada com tema gregos. Cada andar, cada restaurante, cada
bar recebia o nome de um desses deuses. Escadas, halls e corredores revestidos de carpete
colorido, predominando o vermelho. Qual foi a surpresa quando ao fim do corredor imenso o
Luis reconhece, vindo em nossa direção, um amigo de longa data – teriam trabalhado juntos
há muitos anos numa grande empresa têxtil – e sua esposa. Sua cabine era ao lado da nossa.
Cumprimentaram-se exaltados e surpresos após anos sem se falar. Seguido às apresentações
e recordações entre Luis e Valter, entramos na cabine, em cuja porta aguardavam-nos
nossas malas. Eu que pensava ficar longe de tudo e de todos por alguns dias, seria inevitável
encontrar nossos vizinhos pelos corredores, restaurantes, áreas de lazer, durante todas as
férias. Mal sabia eu que seriam os responsáveis pelos momentos mais cômicos de todos
aqueles dias.
A fome nos assolava. Havíamos acordado cedo, viajado de Blumenau a Navegantes e depois
de avião a São Paulo, e aguardado algumas intermináveis horas pelo ônibus que nos levaria a
Santos até o porto. Fizemos o reconhecimento da cabine, colocamo-nos em trajes adequados
fazendo jus a fama dos restaurantes desses transatlânticos. Dirigimo-nos ao restaurante
Ceres, um entre os muitos que ainda teríamos que visitar. Os garçons nos acompanharam
até nossa mesa, que seria a mesma em todos os jantares naquele restaurante. Richard nos
atendeu. Era um filipino bem humorado que apenas falava em inglês. Boa oportunidade para
o Luis ensaiar o que havia aprendido em suas aulas assistidas há tanto tempo. O que ele não
entendia, eu traduzia e assim fomos entendendo-nos com o filipino. Pedimos uma garrafa
de vinho e nossos pratos entre tantas opções de entrada, sopas e cremes, saladas, pratos
principais, queijos e sobremesas. Tudo extremamente bem apresentado e apetitoso. A tempo
de chegar a sobremesa o navio zarpou. Não sabíamos se o que sentíamos era efeito do vinho
ou do balanço do mar, já que a sensação era de embriaguês. Pelo menos vamos economizar
na bebida, pensamos. Após o jantar nos dirigimos ao teatro, onde conforme a programação
assistiríamos a um show a la Broadway. Foi emocionante, um espetáculo de luzes e cores
com dançarinos de todas as partes do mundo e cantores sul-africanos. Ficamos encantados
com todo o glamour dos figurinos, efeitos de cenário e artistas perfeitos, sem um único erro
nas coreografias. Teríamos ainda todas as 5 noites seguintes para apreciarmos semelhantes
espetáculos.
Olhamos a programação e constatamos o próximo evento no Gran Bar Apolo, onde fervia
uma festa temática, várias pessoas saboreando lindos drinks coloridos, uns dançando, outros
em grupos às gargalhadas. Porém o cansaço desse dia de tantas novidades nos dominava.
Teríamos todos os outros dias e noites para aproveitar tantos ambientes, porém nesta
queríamos mesmo fazer amizade com nossos travesseiros. A noite foi calma e tranqüila, senti-
me embalada como em um berço em águas cariocas.
O dia amanheceu quente e ensolarado, e depois de um belo café da manhã nos dirigimos
à piscina do último andar para conhecer o tal tobogã que a Gabriela tanto ansiava. Após
algumas instruções liberamo-la para brincar com as outras crianças, com as quais facilmente
fez amizade. Ah, um tempo pra aproveitar a companhia do meu querido noivo, com o qual
sempre muito apreciei conversar. Nada disso. Eis que me aparece aquele casal, nossos vizinhos
de cabine. Fiquei um pouco desapontada no início, mas logo a conversa se tornou muito
agradável.
O sol ardia. Combinamos em pedir algumas cervejas e refrigerante para a Vera, esposa do
Valter. Chegando o garçom, o Luis perguntou quais marcas de cerveja haviam disponíveis.
-- Skol e Brahma, senhor, respondeu o garçom.

-- Ah, mas o Valter só toma Sub Zero, comentou a Vera. O Luis, curioso, indagou o Valter.
Este, aproveitando que a esposa se distraía, piscou e respondeu que era porque agora ele só
tomava cerveja sem álcool. Luis e eu nos olhamos com ar interrogativo, mas o Valter falou
entre os dentes que depois explicava, pois a Vera já se atentava novamente à conversa. Logo
ela precisou ir ao banheiro e então quisemos saciar nossa curiosidade.
-- Como assim, Valter, me explica isso, pois Sub Zero possui álcool, perguntou Luis. Valter
respondeu entre alguns goles da Skol do Luis:
-- É o seguinte: a Vera nunca gostou que eu bebesse, sempre reclamou, mas eu adoro uma
cervejinha. Ela não bebe nada com álcool. Um dia por ocasião do lançamento da cerveja
comprei um fardo para experimentar. Quando a Vera me viu com aquela latinha na mão falou
contente me dando um beijo: Ainda bem que você está aderindo a essa cerveja nova, sem
álcool, que passa na propaganda. Olhei pra ela surpreso, mas logo soube disfarçar e concordei.
-- Como assim? Ela acha que a Sub Zero é sem álcool?
-- A Vera não entende de cerveja e ela deve estar relacionando a palavra “zero” como sem
álcool, já que os refrigerantes zero são sem calorias...
Começamos rir, e o Valter aproveitou para dar mais uns goles da cerveja do Luis enquanto a
Vera não voltava.
-- Deixa assim, enquanto ela pensar dessa maneira não tem brigas lá em casa. Já diz o
ditado: “diga sempre a verdade a sua mulher, mesmo que tenha que mentir um pouco”...
Nós ríamos muito da confusão da Vera, logo ela retornou e com esforço conseguimos conter
as gargalhadas. Virou motivo de gozação para com o Valter, que não pôde beber junto à
esposa durante todo o cruzeiro, já que não serviam a tal cerveja “sem álcool”.
Quando os homens foram nadar, a Vera me confessou:
-- Você deve achar que eu sou uma estúpida em pensar que a Sub Zero não tem álcool... é que
eu cansei das brigas lá em casa e resolvi fazer de conta que penso assim. Desse jeito o Valter
sai menos de casa para beber e como ele não gosta muito da Sub zero acaba não bebendo
muito. Ele pensa que está por cima, mas não entende...
Concordei que foi uma boa estratégia e ela arrematou:
-- Você sabe qual o nome do livro mais fino do mundo? “O que os homens sabem sobre as
mulheres”
E voltando da piscina, eles não entenderam porque ríamos tanto.

Jaqueline

Um comentário:

  1. "A coragem é a primeira das qualidades humana, porque ela garante as demais"

    Parabéns pela participação!!!

    Marisa Silva

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